Ajuste nas expectativas do FOMC e seus impactos. Copom se aproxima do momento de ajustes.
- enricoballarati
- 5 de nov.
- 2 min de leitura

Durante o mês de outubro, a tendência foi de queda no juro no mundo, em especial até a 3ª semana do mês, quando o Comite de Política Monetária dos EUA – FOMC - jogou água fria e reverteu essa onda mais generalizada.
Com a paralisia do Governo americano devido ao shutdown, os formuladores de política econômica continuam operando sem dados concretos, o que adiciona desafios ao ambiente global, já bastante instável. Dessa forma, assistimos a uma alta da inclinação da curva de juro, com o juro de longo prazo subindo mais que o curto. Nesse período, o US
Dólar se valorizou frente à maior parte das moedas e as bolsas subiram no mundo inteiro. Apesar da atenção que as ações americanas têm atraído, principalmente às do setor de tecnologia, os índices bursáteis ao redor do globo tem sido ainda mais rentáveis em 2025. A inflação norte-americana tem rodado em torno de 3% a.a., com o alívio em imobiliário.
O Brasil ainda surfa a boa notícia da valorização do Real frente o US Dólar, em torno de 14% no ano e que, aliado à queda no preço dos alimentos, está trazendo a inflação para o entorno de 4,6%, em 2025.
Indicadores da atividade econômica brasileira, aos poucos, vão confirmando uma certa desaceleração, com queda na concessão de crédito, inadimplência em alta e elevado comprometimento da renda da população. O ritmo do emprego também estacionou nas máximas, o que é saudável, quando se avalia a pressão de custos existentes. A má notícia é
que diminuiu a oferta de trabalhadores na economia.
Em função desse cenário de dólar mais fraco no mundo, juro alto no Brasil, mas com a atividade ainda aquecida e inflação em queda, resultaram em um fluxo de recursos internacionais positivo no ano e puxaram o índice Ibovespa para sua máxima histórica. Investidores também se mostram mais confiantes com a queda do juro básico, no Brasil, provavelmente à partir de março do ano que vem.
Portanto, mercado aparenta estar animado com Brasil, mas ainda existe alguma preocupação com a atividade econômica e seus impactos na inadimplência e no crédito. Não podemos esquecer, também, das eleições em 2026, que ainda acrescentam alto grau de incerteza.
Nos últimos dois meses, o mercado de crédito corporativo sofreu, com problemas, tanto no Brasil (com o evento de Ambipar e Braskem), quanto nos EUA, onde Tricolor e First Brands assustaram. Apesar de parecerem casos isolados, eventos assim sempre sugerem ainda mais cautela.
No Brasil, com o aumento da competição e o novo arcabouço regulatório, construído nos últimos 15 anos, aliado ao crescimento e a evolução de novos participantes e instrumentos de crédito privado, o segmento se torna cada vez mais uma classe de ativos fundamental nas alocações de recursos dos clientes. Mesmo nas carteiras brasileiras mais conservadoras, a participação de títulos de crédito privado tem sido crescente e quando o mercado balança, como observado nesses últimos dois meses, o resultado fica mais volátil.
Os Fundos de crédito privado high grade da Panamby também sofreram com essa turbulência, em especial com os títulos de crédito da Ambipar. Papéis de emissão de empresas financeiramente alavancadas tiveram forte desvalorização, tanto pelo aumento do custo do crédito, quanto pela busca de um preço que recompense o risco adicional das companhias em fase de expansão.
Boa Leitura!!




Comentários